sábado, 7 de novembro de 2015

Naufrágio

E quando reparas,
começo a gritar a maré,
ignorante das margens
da nossa lírica vertigem.

Ao longe,
o farol lança-me cordas à coluna aberta enquanto tu,
despenhado no obscuro poema,
fazes justiça ao naufrágio
e procuras,
cego,
as nossas raìzes
na violência das ondas salgadas.

O mar incendeia-te as pàlpebras.
O escuro dobra-se para frente
na procura da luz,
e tu,
animal vergado
no silêncio das tuas laboriosas âncoras, percebes
(tarde demais)
que nenhum dos nòs os dois
aprendeu a ser a ser barco.

Sem comentários:

Enviar um comentário