domingo, 10 de janeiro de 2016

Veneno de Domingo.

Como se fosse impossível continuar,
desprendi-me da urgência.
Engoli as noites que tornavam
ásperas
as minhas paredes;
deixei-me adormecer na sombra
da poeira que escondia nos cantos.

É Domingo.

Os muros cresceram-me à janela,
no lugar onde vendias
a boca por um incêndio.
Por entre as chuvas de Janeiro,
fizeram-se árvores,
fizeram-se silêncio;
agora, nenhuma luz entra
e nada mais se cumpre.

Nem mesmo a tua solidão.


Daido Moriyama

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