segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

4.48

Apago a luz e ando em casa às escuras,
com a tua voz guardada na pele.
Cega, levo as unhas às cicatrizes
na procura dos teus versos.

Levanto a faca para a carnificina,
mas há outra boca,
outra luz,
outra música.

A mão dança,
abre-se como um corpo,
e a luz estala:
quem te inventou?
quem te inventou?
quem te inventou?

4.48 da manhã.
As televisões estão cheias de histórias
mas os teus poemas morreram-me na língua.

Cortemos os membros,
salvemos o espírito
longe
longe
longe
de toda a poesia.



Sem comentários:

Enviar um comentário