quinta-feira, 21 de abril de 2016

Da complexidade dos pontos.

Eu - é nos pontos que tudo se perde Helena.
Helena - Nos pontos?
Eu - Sim. Nos pontos. Ponto a ponto. Ponto por ponto.
Helena - Do que é que estas a falar?
Eu - Do cansaço.
Helena - Do cansaço? Não era dos pontos?
Eu - Claro que é.
Helena - Não te entendo Fátima.
Eu - Ponto final, então.
Helena - Isso é coisa para reticências.
Eu - Sim. Agoras entendes. Três pontos. Vês como é nos pontos que tudo muda?
Helena - Na verdade nãoFátima. Não fazes sentido. 
Eu - Porque estás a complicar Helena. Eu explico; não é dificil: pegas num ponto (final) e somas-lhe outro. O fim desaparece Helena. Toda a gente sabe que não há fim em dois pontos finais. Apenas abismos (ou a porta para os parêntesis, o que é a mesma coisa)
E se vier um outro? 
Helena - Outro ponto final?
Eu - Sim. Outro ponto final. 
Helena - Não sei, Fátima. O que acontece?
Eu - Tudo. Três pontos é o espaco para tudo. Menos para o fim. O fim, adulterou-se. Deixa de existir pelo mero facto de haver algo mais ao lado; ou na frente, ou por cima. E não me faças falar de quando é por dentro Helena.
Helena - Mas... de que raio estas tu a falar, Fátima?
Eu - Do amor.
Helena - Do amor? Mas, não era do cansaço?
Eu - Claro que sim Helena. Junta os pontos.


Fotografia - Fatima Abreu Ferreira, Lisboa, 2016




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