sábado, 12 de novembro de 2016

Ao Leonard

As estações crescem umas sobre as outras e da minha àrvore caem demasiados pàssaros.
Talvez seja tempo de deixar de acreditar na possibilidade das asas. Talvez o mundo seja agora, este poema mal escrito, à força de ossos como palha seca e peitos feitos searas de espinhos.
Deserta-se-me um pouco (mais) do fogo hoje.
Arranha-se-me um pouco (mais) a garganta.
Respirar custa quando se perde o mapa do mundo e eu não sei andar pela rua sem a tua voz.

Resta (e vale) a memória.

O som do coração a bater rouco nos versos
e o amor na língua;
as cidades tomadas de assalto,
as musas estendidas sob os olhos em oração,
as gabardines azuis,
e a eterna possibilidade da valsa.

Tudo isto, ósseo
dentro de um punho fechado
na boca.

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